O novato

À noite, carregava consigo a brisa dos novos tempos. Limpa, iluminada, com um perfil de índia e um toque renascentista. Nas ruas, os cães afinaram o gogó, vendo os bêbados se realizarem no show pirotécnico. As putas urravam de felicidade, a alegria foi geral. E fora parido o quinto filho da década. O camarada, 2005. Nascera adulto.
Chegara com toda a astúcia de escritor e gingado de malandro. Meio ressabiado, com aquela festança só para ele. Tímido de ego inflado. Recebido com um abraço fraternal de pai e afagos de mulher apaixonada. Neste exato momento, sentiu a responsabilidade pesando nos ombros. Por um instante, excitou.
Todavia, depois de tomar um gole de cerveja, olhou ao seu redor, com sorriso malicioso. Não perdera tempo, sentou-se à mesa, aceitando de imediato a proposta.
Recebera uma maleta, carregada de promessas e esperanças. Metade do seu pagamento. A outra receberia postumamente, sendo agraciado com o titulo de Inesquecível. O seu serviço era apenas concretizar os desejos daqueles que o viram nascer.