Simbiótico

quarta-feira, setembro 29, 2004

Boehmia

Vive só na malandragem, ora...
Ele ainda reluta
Todavia...
Escafeder-se?
Não tem mais jeito...
Sumiu o gelo da minha vodka!
Desmancha-se...
Na boca de um “anjo”
Ela?
Um docinho...
Toda jeitosinha!


domingo, setembro 19, 2004

Figuraças da mídia

Dieguito...


Já jogou muito!


*Piadinhas grosseiras:

- Faça como o Maradona, largue a (o refrigerante) coca!
- O próximo tratamento do Maradona será na Italia, lá na planicie do pó!

***

Maluf

Já roubou muito!


*Frases marotas dele e para ele:

- Se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim!
- Sou brasileiro e não desisto nunca!

sexta-feira, setembro 17, 2004

Manias estrábicas


O homem tinha lá, seus trinta e poucos anos e um péssimo hábito. Deixava tudo para amanhã. "Não vai casar Euzébio?", perguntava a vizinha. "Amanhã, quem sabe...", balbuciava rapidamente. Respostas métricas. Quando pensava em ir trabalhar deixava ao acaso. Nunca ficou num serviço por mais de sete horas. Desempregado. Sempre assim.
Ainda morava com a mãe, viúva de um general reformado. No mesmo casebrezinho. No mesmo bairro sujo. Pensou e repensou várias vezes em mudar. Nunca o fez. Argumentando da mesma maneira: "o amanhã ainda chegará!".
A velha, coitada, vivia prostrada, um sentimento de culpa lhe corroia as entranhas. Para Dona Lourdes, era difícil ver o filho sob o mesmo angulo e ter que admitir que era um "caso perdido", como fazia questão de frisar a vizinhança galhofeira. Ela, desgostosa da vida, admirava a foto do marido sobre a pequena cômoda de mogno e perguntava-se: "Como pode não ter puxado nada a bravura do pai?".
Mas ele tinha sim, uma característica pouco peculiar - talvez à única - herdada do pai. Era estrábico. Os dois olhos flexionavam-se em apenas um ponto: o amanhã. À parte, possuia outras manias, que talvez, fossem menos patogênicas. Nunca pisava nas riscas das calçadas, conferia três vezes a fechadura do seu armário e matava todos os gatos da vizinhança.
Raramente via-se Euzébiozinho - como insistentemente lhe chamavam - batendo perna por aí. Anti-social. Tinha medo do que poderiam falar a seu respeito. Às vezes ia ao mercadinho da esquina a pedido da velha. Um passo apressado, nervoso. Juntava lixo, cuidando das linhas na calçada. Quando enfim chegava ao estabelecimento, no máximo dizia um "olá", ao dono. Logo saia.
Entretanto, Euzébio andava mais introspectivo que o normal. Havia vezes que ficava por longos períodos trancafiado no seu quarto. Ele o armário e a cama. A mãe nunca lhe falara nada, também pudera, tinha medo que o filho ficasse revoltado. Mas sabia que durante a noite ele saia do cubículo - a pia da cozinha, por vezes, gotejava.
Sua casa era uma espécie de manto harmonioso, desde os tempos do pai. Dona Lourdes tratava com zelo às tarefas domésticas, sempre numa rotina conveniente para uma dona-de-casa aposentada. O aperto no coração dava-se ao visualizar a porta do quarto de seu filho. Euzébio sempre lá, agora tinha pego por hábito colecionar baratas. Admirava as suas picurruchas zarolhas. Todas vivas.
Como era de se esperar, caro leitor, as gotas se esvaíram no ralo. Por incrível que pareça na manhã seguinte, a porta do quarto estava escancarada. A mãe, curiosa, com o fato inusitado, ligeiramente vai até lá. Ficara perplexa ao ver baratas saindo da boca de seu querido Euzébizinho. "Não pode ser! Meu Deus!", exclama, o rosto marejado, um ar cético, perante o fato.
Chega à primeira vizinha, assustada com o desvario. A face em nada esconde a marca do deboche. Nem sequer contem um risinho de escárnio saindo do canto dos lábios, não se importa com a dor da mãe. Bisbilhoteira como sempre fora, abre o ruidoso armário de Euzébiozinho. Empalidece. Exatamente sete crânios de gatos, enfileirados nos cabides. A enigmática mensagem: "Pelo menos para vocês o amanhã nunca irá chegar!", a ultima do introspectivo Euzébio. Talhada a canivete no fundo do invólucro.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Poesinato!



Quando noite era um poeta de revolver
De revolver in-punho!
Atirou e nem deu tempo pra ver

Nada de bala passando de raspão
Foi direto, coisa de um segundo
Lá nas profundezas do coração

Bem-dito seja esse poeta!
Ficou o rastilho de pólvora
Com cheiro inalado de novata paixão,





sábado, setembro 11, 2004

?



Para toda regra há uma exceção, mas será que toda exceção tem uma regra? Talvez... Perguntinha meio insistente essa.


terça-feira, setembro 07, 2004

O Desfile



Favela do Rio de Janeiro. Sete de setembro. A população exultante. Nada de pão e circo, aqui quem faz o espetáculo é a galera. Um formigueiro humano se estende nas calçadas, são pretos, brancos, amarelos; em torno de um só ideal: o desfile.
Todos querem ver seus filhos, o vizinho que toca caixa, a mocinha segurando a bandeira da pátria amada. Lá vem sorveteiro, faz graça com a moça. O moleque sem dinheiro, pede um saquinho de pipoca pro tio desdentado. Um dos raros momentos, em que a comunidade inteira se reúne alegre, em polvorosa.
Há um nervosismo nas imensas filas indianas, todo mundo quer fazer bonito, dar o melhor de si. Ele beija o santinho que carrega no pescoço, pede aos alunos para lembrarem da aula de história. Os romanos. Corneta, o aviso está dado. Começa o desfile.
Tum! Tum! Tum! Estocadas fortes no bumbo dão os sinais da dureza que é tocar na fanfarra. Não há reclamações. Uma alegria contagiante e expressões de garra marcam o ritmo da marcha. Incentivados pelos aplausos, aos montes. A garota pula, grita, descabela-se na esperança que seu namoradinho, tocador de caixa, olhe para ela. Em vão. No angulo de visão dele só há a caixa e a mão sangrando. É coisa pouca, não pára, o sucesso da fanfarra depende do seu sacrifício.
Eles marcham. A coca rola. O asfalto ferve, no morro é só tiro de pistola. No pó, as batidas ficam mais alucinantes, as garotinhas do colégio parecem mais libidinosas, os pivetes tocando, cobaias. Na boca do traficante a comunidade é puta, bem de uso, está à mercê da parada. É sempre assim, passa feito rolo-compressor. O desfile revitaliza. Pelo menos ali, a desgraça se torna fútil. É Deus por todos e cada um dando um pouco de si.
É só reparar no menino. É preto. É sujo. É brasileiro. É gente com agente de miséria. Não importa, o momento é seu. Todos de tênis e, é só ele, com suas chinelas havaianas, roupa rasgada, nariz escorrendo. Tinha que estar lá, xodó da turma. Olha orgulhoso. Marcha firme, no ritmo, bate o pé com força, peito estufado. Na face do menino o desgaste do desfile maçante. Na boca do político o futuro de nosso país.
Aos poucos, tudo vai terminando. Em cada rosto o sorriso de tarefa bem feita. Abraços. Beijos. Os parabéns dos familiares, a comunidade inteira unida. Mas o que ninguém consegue esquecer é o cheiro de abandono dos bueiros e que lá, no morro, assassinaram mais um infeliz.

domingo, setembro 05, 2004

Novinho em folha...

... é o template do meu blog. Caralho! Vai mexer em html pra ver o quanto é legal. Cansa. O importante é que ficou do jeito que eu queria. Pior que nem vou sentir saudades do antigo template. Este blog sempre mereceu um melhor. Boas-vindas ao que acaba de chegar!



Fale comigo antes de catar qualquer coisinha por aqui.