Simbiótico

quarta-feira, abril 20, 2005

O Aviador

O Aviador é um filme que não causa grandes turbulências emocionais no expectador. Mas requer bastante atenção para compreender a complexa trama dirigida por Martin Scorsese, com sua longa duração de 170 minutos. Envolvendo cinema, mulheres, aviação, neuroses e psicoses. Tendo como fio condutor a conturbada vida do milionário americano Howard Hughes, interpretado por Leonardo Di Caprio.
O protagonista é o estereotipo quase perfeito de um anti-herói. Usa tênis com terno e gravata, além de pedir leite ao invés de bebida alcoólica nos festejos, algo que lembra faroeste e também o Texas, terra natal do magnata americano. Além de ter aversão a germes, carregando inclusive um sabonete no bolso. Essas manias aliadas a sua paixão metódica pela aviação, são os fatores que o levam ao apogeu.
Através dos sucessos de Hughes, o filme evidência nas entrelinhas, a glória americana. Por exemplo, as filmagens de “Hell’s Angels”, na qual foram gastos alguns milhões de dólares e duraram quatro anos, mostrando os bastidores e a evolução cinematográfica. O pioneirismo nos aviões projetados por Hughes, um deles batizado de Hercules o maior do mundo à época - domínio tecnológico. Finalmente, “a liberdade”, esmiuçada na batalha de Hugues para que sua empresa – a TWA – operasse vôos internacionais.
O filme acaba não sendo dilacerante, mas não cai na ojeriza da monotonia. O ruim é perceber que o Leonardo di Caprio, mesmo com barba, não ganha aspecto de velho. É como o Robinho interpretando o Pelé. Em todo caso, é interessante observar as manias obsessivas de Howard Hughes vindas à tona em O Aviador.

sábado, abril 16, 2005

Resquícios da boa malandragem

Meu Tio Madé é um cara com trinta anos de praia e outros quarenta e tantos de idade. Mas ainda conserva o espírito moleque, sem nenhum sinal de ranço. Sua casa sempre tem dois ou três gatos pingados pra jogar conversa fora. Vez ou outra recebe a visita de algum sobrinho folgado. E toda semana ganha pelo menos duas vezes no jogo do bicho. Hoje em dia, leva uma vida mansa, por estar há mais de dez anos casado com a irmã da minha mãe.
Mas antigamente, para se dar bem nas noites de boêmia, resolvia assumir a identidade de Delegado de Policia. O lance, segundo ele, pegava. As donas de bordel, com medo de ver seus estabelecimentos lacrados pela “autoridadi”, mandavam o melhor uísque da casa para o “Doutor Caju” e os policiais que andavam com ele a paisana – os amigos. As “frangas” mais jeitosas passavam primeiro pela “aprovação” do Doutor. Quando não estava na sua posição de homem da lei, esperava longas tardes a beira mar, um “broto” que valesse a pena passar. Apenas para bater um papo sem “segundas intenções”, porque ele estava num momento de “profunda solidão”.
Apesar de toda historia ser aumentada, posso dizer que o cara é um desses malandros aposentados. “Que nunca usou a navalha. Tem mulher e filho e casa e tal. E mora lá longe na praia”. Isso pra poder parodiar a musica do Chico Buarque. Porque sinceramente, quando vou pra lá, nunca perco a viagem. Sem duvida, um grande camarada. Numa dessas conversas em que as horas passam largas, chegamos a conclusão óbvia de que o que vale mesmo, é o amor acima de tudo.

sexta-feira, abril 15, 2005

Argentino na praia acaba em salsa e chachachá

E a atração hilariante, ao chegar na praia, é ver um argentino. Não incluo “as ticas”, mas sim a velharada argentina exibindo suas volumosas e alvas pelancas. Uma praga que se alastra por todos os lados. Lá estão eles nas Lan houses, conferindo os e-mails dos parentes distantes. Lá estão eles gastando nas lojas.
Na praia, eles reclamam quando um brasileiro filhodaputa coloca o guarda-sol bem na frente deles. Eles passam tediosas tardes de calor tomando tererê, reunidos em pequenos grupos, e quase sempre calados. Eles são sérios, apáticos, porém saudáveis. Mas à noite, depois de algumas caipirinhas em pleno calçadão, tudo vira festa. As velhas argentinas mostram um broxante requebrado dançando muita salsa e chachachá.
Enquanto um velho brasileiro deve estar em casa vendo novela, reclamando que a merreca da aposentadoria não paga nem os remédios. Pois é.

Balneário Camboriú

Eis o lugar que exerce verdadeiro fascínio sobre qualquer cidadão. Pelo simples fato de ter a sua frente o mar – local que encaro como uma espécie de semideus, e que não êxito em ficar horas olhando para o horizonte fazendo minha oferenda em goles de cerveja –, a cidade já tem uma mina de ouro nas mãos.
Mas Balneário possui uma pequena vantagem em relação às outras cidades litorâneas do estado: reunir uma boa rede de entretenimento em um curto espaço. Lá, não é preciso andar muito. É sair do shopping e ali está uma livraria, andando mais alguns metros, logo se avista o cinema. Em apenas um dia você fica conhecendo os lugares mais legais da cidade. Sem contar as boates, barzinhos e os shows que sempre estão rolando por lá. Vale a pena você pensar em conhecer Balneário. Nem que seja apenas por dois ou três dias. Garanto que não irão se arrepender.
Não é só isso. Depois das denuncias de cassinos clandestinos em Balneário, fiquei com a leve impressão que em menos de cinco anos esses lugares no qual a jogatina rola a solta, serão legalizados no Brasil. Já estou vendo grandes navios vindos do fim do mundo atracando na praia. Luminosos por todos os lados. Gente abonada ficando na sarjeta. Uma pequena Las Vegas brasileña.

quinta-feira, abril 14, 2005

Na ativa

Cá estou. Porque ontem tive que aposentar as havaianas. Será que deu pra curtir esses breves dias de férias? Bah, e às vezes chego a pensar em reclamar da vida. Mas isso é cuspir no prato. Logo, logo escancaro com mais detalhes os motivos que levaram esse blog a um período de caça as traças.

Fale comigo antes de catar qualquer coisinha por aqui.